Do martírio de Irmã Cleusa

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Felizes os que são perseguidos por causa da justiça,

porque deles é o Reino do Céu.

(Mt. 5,10)

Ao aproximar-se a celebração dos 30 anos do martírio da Missionária Agostiniana Recoleta, Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho (MAR), que doou sua vida pela causa indígena na Prelazia de Lábrea no dia 28 de abril de 1985, a Igreja motivou e convocou a todas as famílias forças vivas, e para uma grandiosa celebração de abertura das comemorações que se seguirão até o próximo ano, em homenagem à religiosa mártir.

A Igreja mantém viva a memória de Irmã Cleusa e constantemente celebra seu testemunho de entrega e doação nas muitas manifestações e expressões religiosas de nosso povo. Por isso, aproveitando a visita do Cardeal Dom Cláudio Hummes, que já seria um grande motivo de festa em nossa Prelazia, decidiu-se que celebraríamos a abertura das comemorações em sua presença, para dar à sua vinda um significado maior, mais solene, como também enfatizar a memória do martírio.

 Recordamos que em sua primeira visita ao Papa Francisco, após o conclave que o elegeu, Dom Cláudio falava-lhe do trabalho que realiza na Amazônia e disse que quando viaja para outros lugares, de vez em quando vai aos cemitérios visitar os túmulos dos missionários que entregaram suas vidas naquela realidade, como forma de homenageá-los e reconhecer que a história sempre nos ajuda na caminhada missionária. Nessa conversa informal, o cardeal disse ao papa que acha que todos esses missionários que entregaram suas vidas por causa do Evangelho podem ser canonizados, porque realmente são santos.

A celebração aconteceu no último domingo de outubro, na quadra da Escola Santo Agostinho, presidida por Dom Cláudio e concelebrada por Dom Jesus Moraza, bispo da Prelazia; Frei José Garcia, administrador da Paroquia de Lábrea; Frei Miguel Peralta, administrador da Paróquia de Tapauá; o Padre diocesano José Lauro, administrador do Centro Vocacional “Frei Jesus Pardo”; Frei Gustavo Barbiero; o diácono Frei Geraldo Inácio e grande participação de fiéis. A liturgia foi preparada com zelo e carinho com cantos litúrgicos regionais como expressão de uma Igreja com rosto amazônico, que vive e celebra a sua fé.

Em sua homilia, o Cardeal enfatizou que Irmã Cleusa doou sua vida por ser missionária, por ter fé, por amar e defender o povo, algo muito bonito, pois seu testemunho é uma luz que temos diante de nós. Assim, podemos dizer que a nossa Igreja está produzindo “santos” e “mártires”.

Na ocasião, Dom Jesus leu uma carta da Irmã Maria Josefina Casagrande, provincial das Missionárias Agostinianas Recoletas, na qual ela manifestava sua alegria com a visita do Cardeal, e mais ainda pela abertura dos 30 anos do martírio de Irmã Cleusa, pois uma Igreja que faz memória de seus mártires é uma Igreja viva, atuante, profética, fazendo ecoar a voz de seus filhos e filhas que, como o Mestre, souberam dar a “vida pela vida, pelo Reino”, o que comprova que a Igreja de Lábrea está muito viva. A mensagem foi acolhida com uma calorosa salva de palmas.

Foi emocionante a apresentação que o grupo de jovens da paróquia fez encenando a canção “Missão Sacrificada” em homenagem a Irmã Cleusa. Ao término da celebração a Irmã Itárica Zandonadi, superiora das Missionárias Agostinianas em Lábrea, entregou em nome da Paróquia e das Irmãs Agostinianas, uma lembrança de nossa realidade, para o Cardeal.

Com a grande motivação e manifestação da veneração de nosso povo pela memória do martírio de Irmã Cleusa, Dom Cláudio fez questão de celebrar a Eucaristia no dia seguinte junto ao seu túmulo, na Capela Nossa Senhora de Fátima, reconhecendo que para ele era um dia muito especial, poder estar celebrando onde se encontra sepultado os seus restos mortais. Durante a homilia afirmou que “para nós e para a Igreja esses martírios e testemunhos são muito importantes, são muito forte e valem mais do que muitas pregações, pois o maior testemunho que alguém pode dar é entregar a vida por Jesus Cristo, dando a vida por seus irmãos”. Após a Comunhão, rezamos um Pai Nosso e uma Ave-Maria em intenção de sua beatificação, considerando que o processo de sua canonização está aberto desde o dia 02 de outubro de 1991.

Celebrar os 30 anos do sacrifício de Irmã Cleusa tem um significado muito grande para nós, uma vez que deu sua vida nesta terra de missão. É um reconhecimento de que seu sangue derramado produziu e continua a produzir muitos frutos para a vida da Igreja. A Prelazia de Lábrea celebrou em grande estilo a abertura das comemorações na presença do Cardeal que é presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia.

Queremos assim, enquanto Igreja da Prelazia de Lábrea em unidade com a Igreja Irmã de Vitória e a Congregação das Missionárias Agostinianas Recoletas, convidar  os irmãos e irmãs da Igreja da Amazônia e do Brasil a celebrarem conosco tão insigne memória. Sem dúvida nenhuma nossos ânimos prometem uma grande festa em 2015.

“Oxalá um dia Cleusa possa ser reconhecida oficialmente como alguém que viveu o Evangelho até as últimas consequências, mostrando que, com a graça de Deus, isto é possível também em nossos dias”. (carta de Ir. Josefina Casagrande).

            Marcelo Viana – Coordenador do COMIPA/LÁBREA

 

 

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