PRIMEIRA VIAGEM, PEQUENA DESOBRIGA

 3, 4, E 6 DE MARÇO DE 2016

Queridas irmãs e irmãos: Prometi e estou escrevendo para todos vocês que me fizeram prometer que escreveria contando tudo! Contarei sim tudo o que vivi como experiência, porém o sabor e o gostoso da missão certamente não posso fazê-los experimentar!

Confesso que passei na primeira prova! E agora posso dizer a cada um que aquele «medinho» que me rondava e me dizia o tempo todo que já não tinha 23 anos, este já se distanciou de mim! Pelo menos um pouco! Consegui vencê-lo e dizer para ele que sou mais forte do que ele. É claro que tenho a certeza de que foi Jesus com toda paciência e carinho  do mundo que foi preparando meu coração para dar conta! Sei que não posso contar vitória, pois esta «aventura missionária» está apenas começando! Porém meus queridos de uma coisa eu tenho plena certeza, que é Ele que me chama e é Ele que me dará o sustento! Agradeço de coração cada prece que cada um fez em favor desta mais nova experiência em minha vida! Pois bem amados irmãos, no dia 25 quando cheguei aqui, irmã Itárica, minha companheira itinerante me disse: prepare-se que na quinta feira iremos fazer visitas às comunidades!  Ou  seja, teria eu um  espaço de oito dias! Quando escutei essas palavras me deu um friozinho na barriga! Porém fiquei calada! Somente o Senhor Jesus sabia e estava por perto me dando aquela força. Vocês nem podem imaginar o meu sufoco! A minha cabeça? a mil e o coração bem pequenininho, pagando e esperando para ver no que ia dar! São tantas as historias que se escutam contar que fui sem querer escrevendo nas entrelinhas as minhas pessoais, que ao mesmo tempo Deus me dizia como disse em minha profissão perpetua «eu estarei com você ate o fim do mundo»! Porém o humano está aí bem perto da gente, querendo nos tirar o chão! Não sabia o que levar! O que fazer! Fui com a irmã Itarica fazer as compras para levar e é claro que ela já é «cobra criada» fazia tudo com tanta segurança e certeza!  À noite arrumei a minha mochila e fui dormir! Confesso que demorei dormir, tentando imaginar o que era passar aqueles quatro dias «morando» em um barco! Amanheceu! E para ajudar a irmã Itarica me deixou sozinha, pois precisava passar na feira para comprar alguma coisa que faltava! “Ela se foi e disse-me”: O frei virá para te levar ao porto às 7:30. Enquanto não chegavam, fiquei organizando as ultimas coisas! Que bom! Foram pontuais os freis e Verilda, secretaria da paróquia. Fomos para o porto. A emoção tomou conta de mim que foi difícil sair alguma palavra! Uma mistura grande de sentimentos que não saberia identifica-lo! A hora de partida seria às 08h porém houve atraso! A equipe era composta por Frei Geraldo Inácio O.A.R, Ir Itarica  Zandonadi, uma leiga Toinha e eu Irmã Jacira Bhering da Silva. Eu não conseguia escolher um lugar melhor para não deixar passar aquele momento único e desfrutá-lo ao máximo. Como demorava muito, comecei a lavar as louças que seriam usadas durante a nossa estada pelo rio! Sei que não tem nada que ver, mas eu pensava no “Fulda” o barco das nossas fundadoras… e neste momento não deixei de pedir um socorrinho para elas…já que se pode pedir, não  percamos tempo. De repente escutei aquele barulhão que parecia um terremoto, deixei de lavar e fui para dentro, era o barco que já estava movendo e assim foi se distanciando do porto até desaparecer por completo as pessoas, as casas. Não sei explicar o sentimento que enchia o meu peito vendo aquele mar de água doce, a beira do rio, as casas, pessoas trabalhando na “farinhada”, lavando roupas e que com alegria respondiam aos acenos de mãos que desde o barco dirigiamos a eles! Não da para descrever, ou melhor, colocar no papel o que se experimenta! Subindo o rio parávamos em cada comunidade ribeirinha para entregar a programação do ano. Quando chegamos a ultima comunidade, começamos as atividades que era fazer uma visita rápida a cada família, e chamá-las para a celebração que aconteceria em seguida! A cada comunidade que chegávamos parecia festa! Via menino correndo para todo lado! E que gente valente! Gente pequena, mas com “couro duro” Gente corajosa! Valente que enfrenta tudo e todos! Um povo que só tem Deus por ele! Uma menina só de calcinha descalça e nem ai com os mosquitos, com o frio e me dizia: os piuns (mosquitos bem pequenininhos) eu faço assim com eles, olha! Ou seja, mato. Outro menino de dois anos, que iria ser batizado dizia com uma autoridade desta forma: “Não o jacaré não me come não, sou eu é que como o jacaré” e eu ria muito de ver sua segurança e valentia! E outra que me dizia “estou cansada, toda picada de mosquito, porém muito feliz e agradecida a Deus porque terminamos o trabalho e agora venho agradecer a Deus a vitória! É demais! Dizia eu ao Senhor! Ajuda-me também a ser valente e corajosa! A ser capaz de agarrar a onça e o jacaré pelas unhas” Depois de “aventura em aventura” descer e subir ao barco começamos a descer o rio! Um sentimento profundo de agradecimento tomou conta de mim! Mas tudo isso é feito no silêncio do coração! Eu e Deus! Agora despedir-me do rio e dizer-lhe: “inté”.

 Chegamos a casa, como a senhora disse, cansada, mas feliz! É claro que o meu cansaço não chega nem aos pés do seu cansaço! Mas Deus sabe e sonda o coração de cada um! Dá-me a vida como é vossa decisão Senhor.

IR. JACIRA, MAR

 

 

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