“Cristo escolheu-me como MENSAGEIRA do amor do PAI entre os irmãos, com ELE: revelar o AMOR presente no coração de todos os HOMENS!” Irmã Cleusa Carolina Rody Coelho

A força do Ressuscitado em nossas vidas nos leva ao encontro de outros que não os conhecemos e nem poderíamos imaginar que um dia fosse ser tão real, algo que estávamos acostumados ver somente em fotos, a de Irmã Cleusa com uma família.

Ao retornar a missão em Lábrea em fevereiro do ano de 2019, tive a oportunidade com as aspirantes: Eduarda Bento Ramos, Camila Souza da Silva e Franciele Salustiano da Silva, adentrar em uma das periferias da cidade e, o Senhor nos enviou as margens do Caititu, um dos lugares em que, Irmã Cleusa caminhou tantas vezes, anunciando a Boa Nova ao Povo Indígena Apurinã.

Começamos visitando e conhecendo as famílias, em nosso primeiro encontro nos apresentávamos, falávamos quem éramos e o que fazíamos. Ao chegar à casa de seu Antônio, logo se fez amigo de Camila, pois, é cearense e, de bem perto da cidade onde seus pais vivem, Guaraciaba do Norte. Longa recordação da vida, uma tarde de muitas emoções!

Os dias foram passando, o amor e fé em Deus foi crescendo entre nós. Em uma de nossas visitas em oração, pedimos a intercessão de Irmã Cleusa pela saúde de seu Antônio e por todos os povos indígenas. De repente dona Odete, saiu rapidinho e foi à sala, pegou um calendário em que a paróquia havia feito anos atrás e que no mesmo trazia a foto de Irmã Cleusa, e diz toda feliz. “Irmã, essa é minha família!”

Na verdade, um silêncio invadiu nossos corações, ficamos todas tão emocionadas de sentir, Irmã Cleusa tão perto de nós. Quanta recordação! A vida é mesmo cheio de encantos e sonhos. Deus sempre nos surpreende na missão!

O tempo passou, as aspirantes seguiram seu processo formativo, deixaram marcas no coração das famílias que acompanhávamos e estas não as esqueceram.  Seu Antônio todas às vezes que eu os visitava, ele perguntava por elas e dizia: “ontem me lembrei de Camila e as outras meninas, como elas estão”?

Seu Antônio, esteve doente durante sete anos, viveu todo esse tempo sem poder andar, deitado em sua rede na varanda de sua casa e sendo cuidado com muito carinho por dona Odete sua esposa e seus filhos.

No sábado, dia 10 de abril, fui visita-los, quando cheguei uma surpresa, a rede não estava na varanda e nem seu Antônio, os filhos desconsolados e eu muito triste perguntei, o que está acontecendo, onde está o amigo? Entro e vejo dona Odete e os outros filhos sentados no chão da sala, todos se olham e um silêncio paira no ar, uma das filhas diz “Irmã, acabaram de levar nosso pai!”

Seu Antônio é mais uma vítima da Covid19, que silenciosamente e solitário fez sua páscoa.

Depois de alguns dias, fui visitar dona Odete. Agora ela sozinha, seu companheiro de mais de 50 anos, já está presente. Ela entre tantas palavras sábias me diz: “Deus é quem e conforta!” “Estou sofrendo muito, mas maior era meu sofrimento em vê-lo sofrer tanto”.  Completou:DEUS OLHOU PARA O MEU SOFRIMENTO E O LEVOU!”

Irmã Marlene Valani

Lábrea,18 de abril de 2021