Desobriga nas Comunidades do Rio Purus

No último dia 16 de junho partiram, da cidade de Lábrea (Amazonas, Brasil) rumo às comunidades do interior do Rio Purus, para a realização da desobriga 2015, as Irmãs Itárica Zandonadi e Ana Maria da Silva, Missionárias Agostinianas Recoletas, juntamente com o Frei Renê González, Agostiniano Recoleto  e o motorista Abnaide Cordeiro. Depois de quatro dias de subida pelo rio, chegaram à primeira comunidade a ser visitada, onde continuaram a viagem, agora baixando o rio, realizando o trabalho missionário em 18 comunidades.

As boas vindas em todas as comunidades foram lindas e fervorosas. Para Frei Renê tudo era novidade o estar e celebrar com o povo do Purus como também no Brasil, pois há três meses e meio ele veio da África.

Esse tipo de apostolado sempre se resulta numa experiência gratificante, devido o calor humano dispensado pelas famílias aos missionários,  que ao chegarem às comunidades fazem uma série de contato, através da oração que se realiza pela noite na capela, escola ou na casa do catequista. Em algumas comunidades há luz elétrica fornecida por gerador de energia da própria comunidade ou da escola, e em outras a reunião acontece à luz de lamparina ou lanterna.

Algumas comunidades estão localizadas em frente às praias e outras próximas dos barrancos, cada uma com seu jeito próprio de ser, e mesmo com dificuldades, as famílias buscam a sobrevivência, tendo sempre a esperança de dias melhores. Observa-se que depois da alagação, em que perderam criações e plantações, não deixam de lutar para recuperar o perdido, e agora que o rio está começando a baixar as águas e com elas vão-se os barrancos e as praias vão aparecendo; a própria natureza se transforma para que o povo possa viver um novo ciclo de vida.

A chegada em algumas comunidades era anunciada com fogos de artifícios como se fosse festa, o que de fato é uma grande festa para todos. As pessoas se organizam na comunidade para receber a visita do Frei e das Irmãs para celebração dos sacramentos. Isso se realiza uma vez ao ano e torna-se uma ocasião especial onde a participação nas celebrações é sempre grande e alegre, marcado por momentos de confraternização e de interiorização da Palavra de Deus e dos Sacramentos.

Ainda que seja uma visita ao ano para a celebração dos sacramentos: casamento, reconciliação, confirmação, primeira comunhão e batismo, os religiosos também se interessam pela motivação das comunidades, a saúde e a educação. A assistência médica fica a desejar, pois a distância até a cidade é muito grande, isso quando tem combustível para o transporte, senão fica só com os cuidados caseiros.

Nas comunidades do interior também tem muita vitalidade, de fato se nota alegria e entusiasmo por crescerem na fé como comunidade e família. A visita se torna para todos uma oportunidade de compartilhar a fé, afeto e almoço entre as diferentes comunidades perto umas das outras. As crianças brincam e riem cheias de ilusões e alegria.

O que mais chama atenção é o desejo e a perseverança desse povo que mesmo com tantos desafios, têm muita esperança para seguir lutando por dias melhores. Após vinte e quatro dias de desobriga empreendemos o caminho de volta à Lábrea, cheios de satisfação e alegria por termos levado a Boa Nova a nossas comunidades do interior, distantes da cidade, mas próximos na fé. Agradecemos a Deus e as famílias que partilharam conosco suas vidas e o alimento.

Fr. Renê González (OAR) e Ir. Ana Maria da Silva (MAR)

 

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