Ano de 2020, um período que já está finalizado… um ano marcado pela pandemia do Corona vírus, um ano de muitas interrogações!….

No dia 15 de outubro, nesta página, ou seja, na página web da Congregação,  fizemos referência à oração como um meio eficaz para melhor viver e superar este tempo de tantas mazelas…

Fazendo memória da História de nossa Congregação, vemos como nossos fundadores e tantas outras irmãs que já passaram, colocaram seus olhos, seu coração, na Palavra de Deus, numa relação íntima com Jesus… Imaginar, por exemplo, a Madre Esperança com seu “espírito profundamente contemplativo e zelo missionário…” Imaginá-la que, estando no fim de sua vida, já acamada, dizia: “Se me pedisse mais, mais lhe daria…espero tranquila que se cumpra a vontade de Deus…tenho as maletas preparadas para a viagem para a eternidade…”

Imaginar a Madre Angeles… Durante anos sozinha na China, sem comunicação com suas companheiras… “…uma alma profundamente missionária, com total confiança no Pai, alegria, abnegação, oração…uma pessoa tão de Deus…! ”

O que sustentava estas mulheres? Onde elas buscavam forças para superar os obstáculos, para arriscar a vida?

Poderíamos continuar citando outras tantas irmãs nossas…, porém, hoje trazemos presente a Irmã Cleusa; uma irmã que passava muito tempo fora da comunidade…que viajava…que frequentava o sindicato dos trabalhadores rurais, que passava dias nas aldeias indígenas, que acompanhava os leprosos, que visitava o hospital, a cadeia, que se envolvia com os menores drogados, que dava atenção às pessoas… e muito mais.  Será que Cleusa tinha tempo para a oração? Será que Cleusa rezava?

A melhor resposta a estas e tantas outras perguntas, é a fala de pessoas que conheceram pessoalmente a Irmã Cleusa, ou leram algo referente a ela…

Vejamos pois:

“…. Pensar nela é imaginá-la longas horas ao pé do Sacrário, deixando-se modelar por Aquele que dava sentido à sua existência…”

“…quando  buscava a Irmã Cleusa  para algo e a via na capela, sua posição, seu olhar fixo no sacrário…eu não tinha coragem de interrompe-la …”

 “… com frequência eu via Cleusa  sozinha na capela, fora do horário da oração comunitária, de pé … livro das Horas na mão…com olhar sereno e fixo,   ora no  livro aberto…ora   no sacrário… em profunda oração .”

“… ela dizia  que as longas viagens de ônibus serviam para louvar o Pai,  e contemplar a natureza…  para ler e saborear a palavra de Deus e partilhar com as pessoas …”

“…Sempre rezávamos juntos nas viagens de barco pelos rios. Cleusa não esquecia    do Oficio Divino …»

“…uma mulher simples, austera e profunda, com uma profunda experiência de Deus…

“ …A Palavra de Deus era o seu “pão de cada dia”.… silenciosa, muito espiritual e reflexiva, de profunda oração que levava à vida, o que lhe permitia escutar a voz do  Espírito e ler os sinais dos tempos, afrontando as dificuldades …”

Com toda certeza era na oração, na intimidade com seu Deus que Cleusa buscava o sustento de sua vida de missionária…era na oração que ela escutava o grito “eles não podem esperar” …era na oração que ela ouvia a voz de Deus…  “onde houver índio, ribeirinho, preso, pessoas com fome, com sede, Eu estarei sofrendo neles…”.

A intimidade com o seu Senhor, a sua mística solidária, o seu testemunho intrépido, mostra que Cleusa estava à frente de nós. Os místicos estão sempre à nossa frente. ”

E se Irmã Cleusa estivesse fisicamente entre nós, neste ano de pandemia, Como seria sua vida?,  a que se dedicaria?, como usaria este tempo?

Irmã M. Josefina Casagrande, mar

Comunidade “Irmã Cleusa”

 Itabuna. Ba, 23 de novembro de 2020