No dia 22 de fevereiro de 2019, às vésperas de completar um mês do tão bárbaro crime da Empresa Vale (o rompimento da barragem de rejeitos de mineração), a CRB (conferência dos religiosos do Brasil), convida todos os seus membros a participar do “grito profético” na igreja São José, uma das igrejas históricas de Belo Horizonte. As irmãs Maria Helena Petri, Jacira Bhering da Silva, Neusa da Penha de Souza Campanin acolheram este convite. Às 18 horas cada religiosa com seu ramo de flores e sua vela vai se aproximando do local preparado para o “grito”. De longe já se podia ver projetada uma cruz “pegando fogo” e desta cruz saiam as fotos e as imagens que por si só já diziam do se tratava aquele ato! Ao aproximar-se da cruz, se deparava com uma grande cruz de madeira e nela pregada as fotos dos que foram dizimados, arrastados pela tragédia da Vale! Ao pé da mesma, muitas cruzes pequenas com as outras fotos de outros irmãos mortos! Coisa impressionante! Grande impacto!

Antes da missa, houve uma apresentação e uma fala dos índios Tapajós em forma de lamento! E às 18:00, todos com a vela acesa entram em procissão para iniciar a celebração que teve como presidente Dom Vicente, bispo responsável da missão pelas vilas e favelas.

A celebração Eucarística foi do início ao fim uma caixa de surpresa, cheia de emoções! O ponto alto da celebração foi quando no momento do ofertório um homem todo enlameado

entra com sua filha no colo também enlameada! No final o bispo pede ao Padre pároco de Brumadinho para dar seu depoimento sobre o que estava vivendo! Foi momento muito forte, cheio de emoções, quando ele quase aos soluços falou do seu sofrimento de não ter conseguido cuidar de seus filhos e filhas! No final da missa o bispo com toda sua simplicidade tira alguns de seus paramentos, pega o violão e toca a música “Bruma de

“Brumadinho”, música feita para solidarizar – se com todas as famílias que perderam seus entes queridos! No final, o bispo dá um recado a todos: Será enviado para cada comunidade uma lista dos mortos e desaparecidos para todos rezar e estar em comunhão.

Maria Helena Petri